Uma reportagem exibida pela RPC nesta terça-feira (20), Dia da Consciência Negra, trouxe à tona a experiência do juiz de Direito Malcon Jackson Cummings, titular da Comarca de São João do Ivaí, que compartilhou relatos sobre os desafios enfrentados como um dos poucos magistrados negros do Paraná. A reflexão do juiz sobre o preconceito racial dentro do próprio exercício da magistratura gerou grande repercussão na região e abriu espaço para um diálogo necessário.
“Já tive situações aqui dentro da minha sala em que, ao abrir a porta, me perguntaram: ‘O juiz está aí?’ A minha figura, o meu corpo negro em movimento aqui não condiz com aquilo que as pessoas esperam que seja um juiz”, relatou Cummings à RPC.
No Paraná, os números revelam a sub-representação de magistrados negros no Tribunal de Justiça: dos 951 juízes, apenas 17 se autodeclaram pretos, o que equivale a 2%. O percentual sobe ligeiramente para 6,2% ao incluir juízes pardos. Apesar disso, o magistrado acredita que sua presença na toga tem um papel transformador.
“Eu faço todo o possível para que as pessoas desconstruam a imagem de que o juiz é sempre branco, de olhos claros, loiro. Existe a possibilidade de haver um juiz negro, e eu estou aqui para isso”, destacou.
Representação e superação diária
Além de seu trabalho na Comarca de São João do Ivaí, Cummings atua como representante do Paraná na Diretoria de Igualdade Racial da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Ele utiliza sua vivência como ferramenta de conscientização, promovendo debates que visam construir um futuro menos desigual.
“Todos os dias eu, enquanto homem negro, preciso me mostrar acima da média. Não basta agir na média. Para que eu não só sobreviva, mas para que eu consiga mostrar o meu valor”, explicou. O juiz também destacou que sua luta diária é para que futuras gerações não enfrentem os mesmos desafios que ele precisou superar.
A repercussão da reportagem no município e na região reforça a importância de discutir questões raciais, especialmente em posições de poder e destaque.
Como o próprio juiz enfatizou, sua atuação vai além da aplicação das leis; ela carrega um propósito de mudança social e inclusão. “Eu estou aqui para que os meus filhos, os meus netos e as pessoas que eu conheço não precisem todos os dias mostrar, assim como eu precisei e preciso, que são acima da média”, finalizou.
Veja a reportagem completa clicando no link:
https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2024/11/20/juiz-negro-do-parana-afirma-que-toga-nao-o-protege-do-preconceito-ja-me-perguntaram-o-juiz-esta-ai.ghtml