Foto: Geraldo Bubniak/AEN |
Duas semanas após você receber
a segunda dose da vacina contra covid-19, os efeitos protetores da vacinação
estão no auge. Neste ponto, você está totalmente vacinado.
Se você ainda tiver covid-19
depois disso, você sofreu uma infecção “breakthrough” (quando uma pessoa é
infectada mesmo tendo recebido vacina contra uma doença). Em termos gerais, as
infecções breakthrough são semelhantes às infecções comuns de covid-19 em
pessoas não-vacinadas — mas existem algumas diferenças.
Confira aqui o que você deve
observar, caso tenha recebido as duas doses da vacina.
De acordo com o estudo Covid
Symptom Study, os cinco sintomas mais comuns de uma infecção breakthrough são
dor de cabeça, coriza, espirros, dor de garganta e perda do olfato. Alguns
desses sintomas são os mesmos sentidos por pessoas que não se vacinaram. Se
você não foi vacinado, três dos sintomas mais comuns também são dor de cabeça,
dor de garganta e coriza.
No entanto, os outros dois sintomas mais comuns em pessoas não-vacinadas são febre e tosse persistente. Esses dois sintomas “clássicos” da covid-19 se tornam muito menos comuns depois que você recebe as vacinas. Um estudo descobriu que pessoas com infecções breakthrough têm 58% menos probabilidade de ter febre em comparação com pessoas não-vacinadas. Em vez disso, a covid-19 após a vacinação tem sido descrita como sensação de resfriado por muitos.
Pessoas vacinadas também têm menos probabilidade do que pessoas não-vacinadas de serem hospitalizadas caso tenham covid-19. Elas também são propensas a ter menos sintomas durante os estágios iniciais da doença e são menos propensas a desenvolver covid longa.
O motivo para a doença ser mais branda em pessoas vacinadas pode ser porque as vacinas, quando não bloqueam a infecção, parecem fazer com que as pessoas infectadas tenham menos partículas de vírus em seu corpo. No entanto, isso ainda não foi comprovado.
O que aumenta o risco?
No Reino Unido, pesquisas descobriram que 0,2% da população — ou uma pessoa em cada 500 — sofre uma infecção breakthrough depois de totalmente vacinada. Mas nem todos correm o mesmo risco. Quatro fatores parecem contribuir para seu nível de proteção com a vacina.
Tipo de vacina
O primeiro é o tipo específico
de vacina que você recebeu e a redução do risco relativo que cada tipo oferece.
A redução do risco relativo é uma medida de quanto uma vacina reduz o risco de
alguém desenvolver covid-19 em comparação com alguém que não foi vacinado.
Ensaios clínicos descobriram que a vacina Moderna reduz o risco de uma pessoa desenvolver covid-19 sintomático em 94%, enquanto a vacina Pfizer reduz esse risco em 95%. As vacinas Johnson & Johnson e AstraZeneca tiveram pior desempenho, reduzindo esse risco em cerca de 66% e 70%, respectivamente (embora a proteção oferecida pela vacina AstraZeneca parecesse aumentar para 81% se um intervalo maior fosse deixado entre as doses).
Tempo desde a vacinação
Mas esses números não dão o
quadro completo. Está se tornando cada vez mais evidente que o tempo decorrido
desde a vacinação também é importante e é uma das razões pelas quais o debate
sobre as imunizações de reforço está crescendo em intensidade.
Pesquisas iniciais, ainda em
pré-publicação (ainda não revisadas por outros cientistas), sugerem que a
proteção da vacina Pfizer diminui ao longo dos seis meses após a vacinação.
Outro artigo pré-publicação de Israel também sugere a mesma coisa. É muito cedo
para saber o que acontece com a eficácia da vacina depois de seis meses da
segunda dose, mas é provável que ela caia ainda mais.
Variantes
Outro fator importante é a
variante do vírus que você está enfrentando. As reduções no risco acima foram
calculadas testando vacinas contra a forma original do coronavírus.
Mas, ao enfrentar a variante alfa, os dados da Public Health England sugerem que duas doses da vacina Pfizer são ligeiramente menos protetoras, reduzindo o risco de sintomas de covid-19 em 93%. Contra a delta, o nível de proteção cai ainda mais, para 88%. A vacina AstraZeneca também é afetada.
O estudo Covid Symptom Study confirma tudo isso. Seus dados sugerem que em duas a quatro semanas após receber a segunda dose da Pfizer, você tem cerca de 87% menos probabilidade de ter sintomas de covid-19 ao enfrentar a variante delta. Depois de quatro a cinco meses, esse número cai para 77%.
Seu sistema imunológico
É importante lembrar que os
números acima se referem à redução média do risco em uma população. O seu
próprio risco dependerá de seus próprios níveis de imunidade e de outros
fatores específicos da pessoa (como o grau de exposição ao vírus, que pode ser
determinado pelo tipo de trabalho que você faz).
A aptidão imunológica
geralmente diminui com a idade. Condições médicas de longo prazo também podem
prejudicar nossa resposta à vacinação. Idosos ou pessoas com sistema
imunológico comprometido podem, portanto, ter níveis mais baixos de proteção
induzida por vacina contra covid-19 ou podem ver sua proteção diminuir mais
rapidamente.
Também vale a pena lembrar que
os mais vulneráveis clinicamente receberam vacinas primeiro, possivelmente há
mais de oito meses, o que pode aumentar o risco de sofrer uma infecção inicial
devido ao declínio da proteção. (Informações BBC Brasil).