Fotos: Gabriel Felipe (GF) |
Uma família de produtores
rurais está prestes a perder parte de um sítio, localizado na Água da Anta, em
Godoy Moreira. Desesperados, eles procuraram a reportagem do Canal HP para
tentar sensibilizar a juíza da comarca para que reveja o processo.
No começo do mês de outubro
desse ano, após o processo correr na justiça da comarca em favor da cooperativa
C.Vale, o oficial de justiça, acompanhado de policiais e agrimensores, foram
até o Sítio Fluminense, que pertence a família, para cumprir a ordem e fazer a
medição de 4,5 alqueires de terra que foram arrematados no leilão pela C.Vale.
O dia foi marcado por uma
confusão, sendo que a família não deixou a ordem judicial ser cumprida. A
senhora Maria de Fátima da Fonseca Schuindt, de 60 anos, se desesperou ao ver
que estão prestes a perder a terra de onde tiram o sustento de 4 filhos e 10
netos, e passou mal, vindo a desmaiar.
“É uma tristeza muito grande,
o tanto que nós sofremos para criar os quatro filhos e 10 netos. Depois de
velha passar por uma situação dessas é muito humilhante, muito difícil. Só Deus
sabe o que estamos sofrendo. A família inteira depende da renda desse sítio. É
muito triste. Eu quero que a justiça reavalie essa decisão”, pediu a produtora.
O esposo da Dona Maria, o
agricultor Eli Klen Schuindt, de 67 anos, é o proprietário do Sítio Fluminense.
Ele contou a reportagem que o pedaço de terra que estão querendo desmembrar foi
o primeiro adquirido por ele há mais de 40 anos, e que tudo está acontecendo
por causa de um erro que teria acontecido dentro do Fórum da Comarca. Eli Schuindt
“Tenho duas dívidas na C.Vale,
mas como fui avalista de uma compra do meu primo, Nelson Schuindt, acabou somando
três dívidas em meu nome. As duas que foram feitas por mim está como bem familiar,
então não podem ser executadas e não me nego a pagar. Já a dívida do meu primo
não é bem familiar, então eles executaram por causa do atraso no pagamento,
como eu era avalista, a cobrança recaiu sobre mim, e por isso que leiloaram
parte da propriedade, que tem um total de 16 alqueires”, descreve o agricultor.
A compra que gerou a execução
foi feita por Nelson Shuindt, de 63 anos, que possui uma chácara em Barbosa Ferraz.
Nelson alega que procurou a cooperativa e a justiça para pagar a dívida, mas alega
que houve erro de cálculo e os advogados da cooperativa entraram com a ação
diante ao erro.
“Eu devo e acertei no fórum, paguei,
mas erraram o cálculo lá, e quando foram recalcular os advogados da cooperativa
entraram com a ação. Quem errou no fórum eu não sei quem foi. Não estou me
negando a pagar, eu pago a diferença, mas não é justo meu primo que foi
avalista meu ser penalizado dessa forma”, avalia Nelson. Nelson Schuindt
Os envolvidos na ação ainda
detalharam que o cálculo inicial foi de R$ 4.007,62. “Eu paguei esse valor, o
boleto está aqui para comprovar. Mas depois eles recalcularam e deu pouco mais
de R$ 4.900,00. Em vez de me darem um novo boleto para pagar a diferença,
entraram com ação e virou esse rolo”, disse o primo de Eli.
Ainda, de acordo com Eli Schuindt, suas dívidas na C.Vale não estão em execução e ele está disposto a quitar para não ter mais transtornos. “Tenho duas dívidas minhas que somadas dão uns R$ 18.000,00. Não me nego a pagar, mas com os recálculos que eles fazem lá alegam que a dívida passa de R$ 100.000,00”, contesta o agricultor, que está representado por um advogado de Londrina.
Nossa reportagem procurou a
unidade da C.Vale de São João do Ivaí e recebemos uma nota emitida pela assessoria
da cooperativa com a seguinte resposta: "A C.Vale informa, em resposta
às informações envolvendo o produtor Eli Klein Schuindt, de São João do Ivaí,
que buscou um acordo para recuperação de crédito concedido em 2016. Após várias
tentativas infrutíferas de acerto para viabilizar a quitação do débito, a
cooperativa precisou recorrer ao Poder Judiciário para solucionar o impasse.
Após ouvir as partes e analisar documentos referentes ao caso, a Justiça deu
ganho de causa à C.Vale e determinou leilão de um imóvel para cobrir o débito.
Assim, amparada em decisão judicial, a cooperativa arrematou um imóvel do
produtor. Nossa posição é, sempre, buscar acordos e soluções amigáveis. As
ações judiciais são o último recurso da cooperativa para evitar que os demais
associados paguem, indiretamente, contas que não lhes dizem respeito".