Jamais poderei mensurar a dor
de uma mãe, como também de um pai, já que Deus ainda não me deu a oportunidade
de viver a paternidade. Porém, no entardecer de sexta-feira (05), em frente
aquele salão de madeira, localizado na pequena comunidade do Ferradura,
vivenciei uma tristeza sem fim.
Em um ano em que perdi tantas
pessoas queridas, dentre elas o meu grande herói, meu papai, ficou difícil vivenciar
despedidas. Mas o compromisso com a reportagem nos leva a ter forças, amparado
sempre com muitas orações pelos familiares e por nós mesmo, para que as emoções
sejam amenizadas.
Sem palavras, quieto e imóvel.
Assim fiquei após o Padre Ricardo terminar ã encomendo do corpo aos braços de
Deus, e então ouvir aquela mãe em desespero, gritar, chorar e se lançar sobre a
urna onde estava Ayron. Eram gritos de profunda dor: “Volta pra mim, Ayron,
volta pra mãe”.
Dói escrever esse relato.
Parece que aqueles gritos ainda ecoam em meus ouvidos. Gritos de uma mãe que perdeu
seu filho em segundos, de forma trágica. Não há tempo para estancar uma dor e
aquele sentimento de que poderia ter evitado.
Diante de fatalidades, sempre
existem julgadores, pessoas que sempre acreditam que nada de ruim acontece
porque são muito cuidadosas. Não adianta ficar parado diante da vida, porque se
algo tiver que acontecer, seja boa ou ruim, ele chega até você. Uma tragédia
acontece um dia depois da morte do menino e mata uma cantora super famosa. Na
mãe que fica, também viverá o questionamento que poderia ter evitado.
Perguntas e questionamentos
vão sempre acontecer diante da partida de quem amamos muito. Sempre haverá um “mas
tinha que ser assim?”, “mas, por quê?”, “não dá para acreditar”. A realidade da
morte tem que ser encarada, independente de como ela acontece. Depois que a
pessoa passa pela morte, não temos mais tempo em nossa vida para dizer mais
nada.
Faço essa reflexão após duas
tragédias tão imensamente doloridas, para que as pessoas possam pensar mais na
importância de se viver um dia de cada vez. De poder praticar a empatia e a
gratidão todos os dias. Para que as pessoas possam pensar que estamos expostos
a viver traumas, tristezas e alegrias a todos instante.
Que possamos orar por essas
mães que vão carregar o sentimento de dor até o fim de suas vidas. Que possamos
nos colocar no lugar de quem ficou e sofre, sem julgamentos. A vida passa
rápido, tudo é muito rápido. Por isso a hora de manifestar o amor e o carinho
sempre será agora.
A certeza que temos é que um anjinho
voltou ao céu, não há dúvidas. Deus conforte a família que sofre.
Por Herithon Paulista