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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Bebê morre após engolir lagarta e médica recusar atendimento por nojo



Um bebê de sete meses morreu após passar mal por ter engolido uma lagarta em Guarapari, na Grande Vitória, segundo informações da mãe. A dona de casa Natalia Gotardo, de 23 anos, contou que no dia 11 de agosto o filho Enrico Gotardo Ferreira vomitou pela primeira vez e ela encontrou a lagarta.

A mãe disse que foi quatro vezes ao hospital para o atendimento do filho. Em nota, a unidade de saúde disse que a mãe foi ao local três vezes e o bebê passou por exames e procedimentos necessários ao caso. De acordo com a Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa), o animal não era peçonhento A Polícia Civil está investigando a morte do bebê

Médica recusou o caso por sentir nojo, diz mãe

Segundo Natalia, ao chegar no Hospital Materno Infantil Francisco de Assis (Hifa) e passar pela triagem, a primeira médica que estava de plantão não quis pegar o caso por sentir nojo.

A mãe contou que a enfermeira passou o atendimento para um segundo médico, que examinou a criança.

Nesse primeiro atendimento, o hospital entrou em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Espírito Santo (CIATox). Enrico foi medicado com soro, remédio para controlar os vômitos e ficou em observação.

Na manhã do dia seguinte, 12 de agosto, o médico que o atendeu disse que daria alta para Enrico, mas disse que o bebê tinha que fazer um raio-x antes. Natália disse que esperou cerca de três horas pela chegada do profissional responsável pela operação da máquina para que o exame fosse feito.

Ainda segundo a mãe, uma segunda médica do plantão examinou e liberou Enrico dizendo que ele não tinha nada.

Mãe levou filho ao hospital quatro vezes

Natalia contou que o filho continuou vomitando e teve febre alta e ela voltou na noite do mesmo dia ao hospital. Segundo ela, o médico que a atendeu disse que já sabia do caso.

Natalia explicou que o filho tomou soro e fez alguns exames: sangue, urina e outro raio-x.

No dia seguinte (13), Enrico foi liberado do hospital com medicação para controlar a diarreia e paracetamol para dor e febre. A receita também tinha soro para hidratar, remédio para o vômito e antibiótico.

A mãe disse que o antibiótico foi receitado porque em um dos exames de sangue do bebê foi identificada uma alteração nas plaquetas, o que seria um sinal de infecção. Ainda segundo ela, os médicos não conseguiram dizer de onde estava vindo a infecção.

No domingo (14), a criança não apresentou melhora e Natalia levou o filho ao hospital pela quarta vez.

Uma outra médica viu os exames do menino e disse que Enrico não tinha nada.

Pequena melhora

A mãe contou que Enrico continuava passando mal na segunda-feira (14), mas que ele acordou melhor no dia seguinte, terça-feira (15).

A pequena melhora se manteve até a quinta-feira (18), quando o bebê voltou a vomitar. Sem saber o que fazer, os pais marcaram uma consulta com um pediatra alergista em Vila Velha, na Grande Vitória, por achar que poderia ser alguma alergia a leite ou lactose.

Morte

Na sexta-feira (19), os pais levaram Enrico ao pediatra alergista.

A mãe destacou que, quando o pediatra foi examinar Enrico, ele disse para levar a criança para o Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), pois o corpo do bebê estava em estado catabólico.

Natalia contou que a médica que atendeu o bebê no hospital perguntou o que tinha acontecido. A mãe disse que explicou o que tinha acontecido e a médica disse que Enrico deveria ter ficado internado desde o primeiro dia pela complexidade do seu quadro. A mãe contou que na noite daquele dia os médicos informaram que Enrico não resistiu e morreu.

O que diz a Polícia Civil

Questionada sobre o caso, a Polícia Civil informou por meio de nota que foi acionada no último sábado (20) para o recolhimento do corpo de Enrico no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Vitória, devido a causa da morte ser suspeita.

O corpo do menino foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) da Capital para ser necropsiado e foi liberado para os familiares no Departamento Especializado de Homicídio e Proteção à Pessoa (DEHPP).

Inicialmente, de acordo com a corporação, o caso vai ser investigado pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari, que aguarda os resultados dos exames.

O que diz o Hospital Materno Infantil Francisco de Assis (Hifa)

Por meio de nota, o Hospital Materno Infantil Francisco de Assis, disse que a criança passou por três atendimentos na instituição.

A nota disse ainda que foram realizados todos os exames necessários, inclusive o de rastreio infeccioso e raio-x. Foi feito contato com o Centro de Atendimento Toxicológico (Toxcen) e todo atendimento realizado conforme orientações do Toxcen.

O que diz a Secretaria de Saúde do Espírito Santo

Questionada sobre este caso, a Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) informou por meio de nota que o paciente Enrico Gotardo Ferreira deu entrada na emergência do Himaba na última sexta-feira (19) com quadro gravíssimo.Em relação ao CIATox, a direção informou por meio de nota que após, análise do caso, foi constatado que a lagarta ingerida não se tratava de espécie do gênero peçonhento. A condução clínica do atendimento seguiu sendo realizada pelo serviço que estava prestando a assistência ao paciente.

FONTE: G1

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