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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Mãe que confessou ter matado os filhos ficou chocada ao saber que seria presa, diz delegada


A delegada Ana Hass, responsável pela investigação das mortes de duas crianças, de 3 e 10 anos, em Guarapuava, contou que a mãe das vítimas, que confessou ter cometido os crimes, ficou chocada ao saber que seria presa. Em entrevista à RICtv neste domingo (28), a delegada disse que a mulher não parecia estar arrependida pelo assassinato dos filhos e só mostrou consternação ao saber que seria encaminhada ao sistema penitenciário.


Ana descreveu que a suspeita, Eliara Paz Nardes, de 31 anos, recebeu os policiais no apartamento onde morava, no Centro de Guarapuava, e que a princípio passou a relatar para todos o que teria acontecido, dando detalhes sobre a morte das crianças. A suspeita foi levada para a delegacia da cidade e, em depoimento oficial, preferiu permanecer em silêncio. Ao saber que seria presa e transferida para a unidade feminina da Cadeia Pública de Pitanga, Eliara ficou abalada e começou a chorar.

“A única vez que de fato pareceu que ela ficou consternada e teve um choro verdadeiro foi quando ela tomou noção da realidade de que ela ficaria presa. Aí sim ela ficou realmente mais consternada. E após o interrogatório oficial aqui na delegacia, aí quando foi de fato caindo a ficha que ela ficaria no departamento penitenciário, que seria removida para outra cidade depois, onde ficam as mulheres presas provisoriamente, aí realmente ela se chocou e passou a falar muito de advogado, de querer ligar para advogado. A todo tempo ela fala muito dela, sempre muito dela, não vejo arrependimento, mas eu vejo assim a noção da realidade”, descreveu a delegada.

Eliara confessou que matou primeiro o filho mais novo, de 3 anos, identificado como Joaquim Nardes Jardim. O menino foi asfixiado com um travesseiro. Depois, disse ter matado a filha, Alice Nardes de Oliveira, de 10 anos. A menina estava com um ferimento no pulso e foi enforcada com um cachecol. Os corpos foram deixados em cima da cama do quarto da mãe, cobertos por um cobertor, o que evitou que o odor dos cadáveres em decomposição fosse sentido pelos vizinhos.


O pai do menino é morador de Itajaí, em Santa Catarina, e contou que não tinha muito contato com o filho. Ele pagava pensão, mas não via a criança há algum tempo. O pai da menina já era falecido. A irmã de Eliara também foi ouvida pela polícia e disse que a suspeita costumava bloquear os familiares e tinha um comportamento que ele definiu como “bipolar”.
 

“Ela [suspeita] disse que era uma pessoa muito sozinha, que não era desse jeito, mas teria acabado ficando cansada e não aguentava mais essa situação. Porém, a parente dela que foi ouvida na tarde de hoje relatou o contrário, ela até se utilizou do termo “bipolar”, dizendo que a suspeita teria sido sempre muito bipolar, que ela sempre bloqueava os familiares no WhatsApp, nos meio de contato, de repente ela aparecia, daqui a pouco ela sumia um pouco mais, disse que os familiares não tinham muito acesso às crianças”, contou a Ana.


A delegada ainda disse que Eliara continuou vivendo normalmente no apartamento, mesmo com os filhos mortos no quarto. A mulher trabalhava com empréstimos consignados e seguiu atuando, saindo e voltando para casa. O porteiro do prédio onde a suspeita morava disse que chegou a sentir falta das crianças e o motorista da van escolar que levava as vítimas entrou em contato com a mulher, mas disse que ela não respondeu para justificar a ausência dos filhos.


“Ela estava vivendo dentro do apartamento de forma normal, estava se alimentando, estava tomando banho, estava dormindo, a princípio pelo que a gente percebeu na sala, em um sofá-cama, e as crianças estavam em um quarto dos fundos, que era o quarto da suspeita”, explicou a delegada.

Eliara morava no apartamento em Guarapuava há cerca de 5 meses e tinha vindo de Navegantes, em Santa Catarina. Vizinhos contaram que a família aparentava ser normal, que a mulher era reservada, mas que as crianças estavam sempre bem cuidadas.

“Eu e a vizinha aqui do lado a gente falou que o que ela precisava era só chamar a gente, ela foi a única do corredor que não deu lado para nós. Ela era muito bonita, muito maquiada, estava sempre de cabelo bem feito, unha, ela era muito vaidosa, ela e as crianças também. As crianças sempre arrumadas, limpinhas, eram muito calmas. A menina sorria o tempo inteiro. Nunca eu ouvi um choro destas crianças, nem um grito, para mim era uma família normal. O pequeno ela desci pegando na mão, a menina ela descia no elevador, quando descia com o lixo, sorrindo, muito parceira”, contou uma vizinha, que preferiu não se identificar.


Informações: RIC MAIS

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