Pela primeira vez em mais de quatro meses, caiu para menos
de 90% a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
exclusivos para tratamento de Covid-19 no Paraná. Nesta segunda-feira (5), o
índice atingiu 89%: dos 2.007 leitos disponíveis na rede hospitalar do Estado,
1.783 estão ocupados.
A taxa estava no patamar de 90% desde 21 de fevereiro,
quando o Paraná estava no início da segunda onda da Covid-19. Desde então, essa
média se manteve durante 133 dias, mesmo com incremento de quase 800 novos
leitos na rede estadual (eram 1.226 na época). Os dados são do Boletim
Epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde.
O percentual do Estado é
calculado pela média de ocupação nas quatro macrorregionais de saúde. A região
Norte é a que apresenta índice mais baixo, com ocupação de 85%, seguida pelo
Leste, com 88%, e Noroeste, 90%. O Oeste é a região que apresenta o índice mais
alto, com 94% de ocupação.
Vinicius Filipak, diretor de Gestão em Saúde da Secretaria,
aponta que a queda já é uma prova da eficácia da vacinação contra a Covid-19.
“Não há dúvida que essa redução tem dois fatores importantes. As medidas de
controle são as mais eficientes para que não haja contaminação, e uma parte da
população continua sendo muito positiva em manter o isolamento social. Mas, com
certeza, a vacinação já cumpre seu papel”, explica.
Ele aponta
que um indício dessa eficácia é que, nos últimos meses, também mudou o perfil
dos pacientes internados. Segundo Filipak, as faixas etárias que foram
mais imunizadas, como idosos e pessoas com comorbidades, já representam um
percentual de internação muito menor que em períodos anteriores.
“Em toda a pandemia, mais de 60% dos
pacientes na UTI tinham mais de 60 anos. Nos últimos meses, esse percentual
reduziu: no fim de junho, apenas 27% dos internados em UTI eram idosos. Quem já
foi vacinado também pode chegar a ser internado, mas são casos menos graves e
com menor tempo de permanência no hospital”, declara.
TAXA DE TRANSMISSÃO – Outro índice que também apresentou queda ao longo da última
semana foi a taxa de transmissão (Rt), número que indica a velocidade de
contágio pelo vírus em uma determinada localidade. No Paraná, a Rt está em 0,86
nesta segunda-feira, o que significa que 100 pessoas com Sars-Cov-2 contaminam,
em média, 86 novas pessoas.
Os dados são do sistema Loft.Science,
que calcula o Rt médio de todos os Estados e do Brasil com base em um algoritmo
desenvolvido pela empresa. O Rt indica quando o contágio pelo vírus está
acelerado (maior que 1), estável (igual a 1) ou em remissão (menor que 1) –
único cenário que aponta uma melhora na situação epidêmica. Quanto mais próximo
de zero, menores as chances de contágio.
O Paraná está em remissão desde 1º de
julho, quando a Rt passou de 1,09 para 0,99. Desde então, o número está em
queda, apontando para uma tendência de redução da transmissão no Estado.
FILA DE UTI – Vinculada à queda na ocupação de leitos de UTI e na taxa de
transmissão está a redução da fila de espera por novos leitos para tratamento
da Covid-19. Nesta segunda-feira, o número estava em 111 pacientes, sendo 36 de
UTI.
Filipak explica que o índice nunca chega
a zero por conta de uma diferença de horário entre o momento de coleta de
informações: enquanto a fila é contabilizada ao final de cada dia, o número de
leitos de UTIs livres só é atualizado pela manhã. Um paciente
só efetivamente “sai” da fila quando dá entrada no hospital, criando um
espaço de tempo maior entre a atualização dos dados.
“A tendência é que os pacientes em espera
sejam internados no mesmo dia. A média do tempo de espera no Paraná em julho é
de 11,7 horas para UTI e enfermaria. Em 90% dos casos, os pacientes já estão
internados em menos de um dia”, explicou.
TOTAL DE LEITOS – O
Paraná conta atualmente com 4.987 leitos exclusivos para tratamento de
Covid-19. Para adultos, são 2.007 leitos de UTI e 2.924 enfermarias, além de 22
leitos de UTI e 34 enfermarias para crianças. Em 21 de fevereiro, eram 1.226
leitos de UTI e 1.783 enfermarias, além de 22 leitos de UTI e 16
enfermarias pediátricas.
A
estratégia do Paraná para o tratamento dos pacientes é através do reforço à
infraestrutura já existente na rede hospitalar, capacitando os estabelecimentos
de saúde com novos leitos e descentralizando o atendimento para um grande
número de cidades. Com isso, cada região teve sua estrutura fortalecida. A
Leste é a que mais possui leitos: são 1.061 UTIs, 1.503 enfermarias, 10 UTIs
pediátricas e 22 enfermarias pediátricas.
No Oeste, são 357 UTIs, 429 enfermarias,
2 UTIs pediátricas e 2 enfermarias pediátricas. O Norte está equipado com 310
leitos de UTI, 540 enfermarias, 5 leitos pediátricos de UTI e 5 de enfermaria
pediátrica. Por fim, o Noroeste possui 279 leitos de UTI, 452 enfermarias, 5
UTIs pediátricas e 5 enfermarias pediátricas.
VACINAÇÃO – Até a tarde desta segunda-feira, o Paraná aplicou 5.894.369
vacinas contra a Covid-19. Foram 4.494.659 primeiras doses, 1.344.436 segundas
doses e 55.274 doses únicas. 52,17% da população adulta do Estado já iniciou a
imunização, e 16,05% foi completamente imunizada. Os dados são do Vacinômetro
do Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao Ministério da Saúde.