O procurador do Ministério Público Federal (MPF), Deltan
Dallagnol, afirmou, em coletiva nesta segunda-feira (28), que o esquema de
propinas que se iniciou em 1999 e favorecia concessionárias do Paraná deixou um
prejuízo estimado de R$ 8,4 bilhões em valores atualizados. De acordo com ele,
como resultado dos desvios, o preço do pedágio aumentou de forma significativa
e menos de 25% das obras contratadas foram concluídas.
Entre os denunciados pelo MPF, estão o ex-governador Beto
Richa – que foi preso na última semana -, o irmão dele e ex-secretário de
Infraestrutura e Logística do estado, José Richa Filho, e mais oito pessoas.
Acusados de comandar os desvios, os irmãos devem responder pelos crimes de
formação de organização criminosa e corrupção passiva.
Segundo Dallagnol, o esquema não causou apenas prejuízos
financeiros. Ele defende que, ao ignorar a realização de obras importantes, o
governo favoreceu a ocorrência de acidentes. “Nós temos uma infraestrutura
muito pior do que deveríamos ter. Esses crimes deixaram um rastro de sangue e
morte nas estradas. Estudos da Polícia Rodoviária Federal [PRF] mostram que
estamos falando de 722 quilômetros de rodovias que deveriam ter sido duplicadas
e não foram”, disse ele durante a entrevista coletiva.
Dados da PRF ainda indicam que, nos últimos cinco anos,
foram registradas 403 mortes em colisões frontais em trechos federais de pista
simples. “Pesquisas dizem que o número de vítimas fatais cai em rodovias
duplicadas. Ou seja, a maioria dos casos poderia ter sido evitada. A falta de
fiscalização, ética e justiça efetiva gerou um ambiente favorável de mortes que
parecem acidente, mas não são”, completou o procurador.
As
concessionárias
Além dos irmãos Richa, o MPF denunciou também
ex-presidentes das concessionárias Ecocataratas, Ecovia, Econorte, RodoNorte,
Viapar e Caminhos do Paraná, por corrupção ativa, pertencimento à organização criminosa
e lavagem de dinheiro.
“As acusações apresentadas hoje tratam de um esquema que
começou em 1999 e se estendeu por 20 anos. Apenas um dos braços dessa
organização foi responsável pelo pagamento de propinas de pelo menos R$ 35
milhões em valores não atualizados. Como resultado, as tarifas foram elevadas
em números significativos”, comentou o procurador.
As investigações indicam que, se não fossem os desvios, a
tarifa da Ecovia para o Litoral seria hoje de R$ 15,90, diferente dos R$ 20,90
atuais. LEIA MAIS