Um novo balanço divulgado pela
revista científica Nature mostra que há 115 vacinas candidatas contra o
covid-19. Destas, 78 estão ativas e cinco já estão sendo testadas em humanos.
O balanço, atualizado na
última quarta-feira (8), foi feito com base em dados recolhidos pela Coligação
para a Inovação na Preparação contra Epidemias (CEPI, na sigla em inglês).
Algumas das possíveis vacinas têm financiamento desta coligação internacional,
que reúne organizações públicas, privadas, filantrópicas e civis e tem sede em
Oslo, na Noruega.
Das 115 vacinas candidatas, 37
não foram confirmadas como estando em situação ativa por falta de informação
disponível.
A primeira vacina candidata
contra a covid-19 começou a ser testada, com uma “rapidez sem precedentes”, em
16 de março, nos Estados Unidos, depois de ter sido publicada, em 11 de
janeiro, a sequência genética do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença
respiratória aguda.
A CEPI salienta que o “esforço
global” na investigação e no desenvolvimento de uma vacina para a covid-19 não
tem paralelo “em termos de escala e velocidade”.
Será possível que haja uma
vacina no início de 2021, segundo as previsões das autoridades sanitárias
norte-americanas. Caso se confirme, será uma alteração significativa no padrão
tradicional de desenvolvimento de uma vacina, que pode demorar mais de 10 anos
a ser produzida. A vacina contra o vírus
do Ébola, por exemplo, levou cinco anos a ser criada, ressalva.
De acordo com o panorama
traçado pela Coligação para a Inovação na Preparação contra Epidemias, a
maioria das vacinas candidatas, sobre as quais existe informação disponível,
pretende induzir a formação no organismo de anticorpos (glicoproteínas)
neutralizadores da proteína-chave do coronavírus, a chamada proteína da
espícula, que permite que o SARS-CoV-2 entre nas células humanas ao ligar-se a
uma enzima (substância proteica), a ACE2.
A indução da produção de anticorpos
específicos para o SARS-CoV-2 está a ser tentada com vários métodos, como vírus
vivos atenuados, vírus inativos, vírus manipulados geneticamente, proteínas
recombinantes, adjuvantes imunológicos, ácidos nucleicos (ADN e ARN), moléculas
semelhantes a vírus (mas sem material genético viral) e péptidos (complexos de
aminoácidos).
Alguns dos métodos já estão
licenciados para a produção de vacinas.
Mais de metade das linhas
ativas das vacinas candidatas (56) estão a ser desenvolvidas pela indústria
farmacêutica/setor privado e as restantes (22) pela academia, organizações sem
fins lucrativos e setor público.
Apesar do envolvimento de
grandes multinacionais farmacêuticas, como a Janssen, a Sanofi, a Pfizer e a
GlaxoSmithKine, muitos dos principais promotores de vacinas contra a covid-19
são de dimensão mais pequena e ou inexperientes na produção a larga escala de
uma vacina, destaca a CEPI.
Neste contexto, a CEPI defende
uma “cooperação e coordenação internacional forte” entre promotores,
reguladores, decisores, financiadores, autoridades de saúde e governos para que
uma vacina promissora possa ser fabricada em “quantidades suficientes” e ser
“fornecida equitativamente a todas as áreas afetadas” pela pandemia, em
particular as regiões mais pobres.
Segundo os dados recolhidos
pela CEPI, nomeadamente através da Organização Mundial de Saúde (OMS) e
laboratórios, a maioria das vacinas candidatas em ativo está a ser desenvolvida
na América do Norte (36), seguindo-se na China, Austrália e Europa (14 em
cada).
Para garantir a eficácia da
potencial vacina, modelos animais estão a ser criados especificamente para a
covid-19, incluindo ratos geneticamente modificados que expressem a enzima
humana ACE2, a porta de entrada do SARS-CoV-2 nas células e da infecção.
A Coligação para a Inovação na
Preparação contra Epidemias foi fundada em Davos, na Suíça, pelos governos da
Noruega e Índia, Fundação Bill e Melinda Gates, pela organização britânica
Wellcome Trust e pelo Fórum Económico Mundial.
Além das entidades fundadoras,
a CEPI é financiada pela Comissão Europeia e pelos governos do Reino Unido,
Alemanha, Japão, Canadá, Etiópia, Austrália, Bélgica, Dinamarca e Finlândia.
O novo coronavírus,
responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de
pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 95 mil
Dos casos de infeção, mais de
316 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, o
surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declará-lo como uma
pandemia.
O continente europeu, com mais
de 811 mil infetados e mais de 65 mil mortos, é o que regista o maior número de
casos. (Jornal de Brasília com agências internacionais)