A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão imediata do uso da vacina
contra covid-19 da Oxford/AstraZeneca em gestantes. Segundo nota técnica
emitida na noite de segunda-feira, (10), o imunizante não deve mais ser
aplicado em grávidas com comorbidades, como vinha ocorrendo.
A
orientação da agência é para que seja seguida a bula atual do medicamento da
AstraZeneca, na qual não consta o uso em gestantes. De acordo com a nota, a
decisão é fundamentada no “monitoramento constante de eventos adversos
possivelmente causados pelas vacinas em uso no País.”
O
uso “off label” de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, fica
restrito aos casos em que haja recomendação médica, mediante avaliação
individual, por um profissional de saúde que pondere os riscos e benefícios
para a paciente.
Cerca de um quarto das doses
aplicadas no Brasil até agora são da AstraZeneca. Gestantes e puérperas
(aquelas que deram à luz há até 45 dias) foram incluídas em abril no grupo
prioritário pelo Ministério da Saúde.
Em São Paulo, a imunização de mulheres desse grupo que tenham
comorbidades e mais de 18 anos (cerca de 100 mil, segundo estimativa do governo
paulista) está prevista para começar nesta terça-feira, 11.
Até o meio de abril, o Brasil havia registrado 979 mortes de
grávidas ou mulheres que acabaram de dar à luz diagnosticadas com a covid-19.
Naquele mês, o ministério recomendou às brasileiras que adiantassem a gravidez
por causa do agravamento da pandemia. Especialistas apontam que grande parte
das mortes maternas pelo novo coronavírus é decorrentes de falhas na
assistência a grávidas e mulheres que acabaram de dar à luz.
O Ministério da Saúde investiga o caso de uma mulher grávida que
desenvolveu trombose dias após ter recebido uma dose da AstraZeneca no Rio de
Janeiro. A pasta confirmou a morte da gestante ao jornal “Folha de S. Paulo” na
segunda-feira. A nota da Anvisa, no entanto, não cita o ocorrido como
justificativa para a suspensão do uso da vacina.
Em março, agências de saúde internacionais relataram a formação
de coágulos sanguíneos em pessoas que haviam recebido doses da AstraZeneca,
sobretudo em adultos jovens. Isso fez com que a farmacêutica incluísse a
condição como um dos possíveis efeitos adversos na bula do medicamento.
Após analisar 86 casos de trombose ocorridos após o uso da
substância, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu que a formação de
coágulos é um efeito colateral “muito raro”, e sustentou que os benefícios da
vacina superam os riscos.
De acordo com o órgão regulador
europeu, a maioria dos casos foi relatada em mulheres com menos de 60 anos de
idade nas duas semanas seguintes à vacinação. Alguns países da Europa, como
Dinamarca e Reino Unido, estabeleceram limites de idade para a aplicação da
vacina, restringindo seu uso à parcela mais velha da população.