A informação de que uma
criança apresentou alterações nos batimentos cardíacos após tomar a vacina
contra a Covid-19 levou a Prefeitura de Lençóis Paulista, no interior paulista,
a suspender ontem (19) a campanha de imunização de crianças.
A decisão foi tomada pelo
prefeito Anderson Prado (DEM) depois de circular um relato de que uma criança
com asma teria apresentado alterações nos batimentos cardíacos e, segundo
relato dos pais, chegou a desmaiar cerca de 12 horas após a aplicação da vacina.
A criança foi levada para uma
clínica particular e transferida para um hospital em Botucatu, onde permanece
sob observação. A Prefeitura de Lençóis Paulista informou que, segundo a
família, a criança tem quadro estável e está consciente.
Em nota divulgada nas redes
sociais, a prefeitura ainda afirmou que não teve acesso ao prontuário da
criança. Mesmo assim, optou por suspender a vacinação infantil por sete dias.
O prefeito informou, no
entanto, que pais ou responsáveis que procurarem espontaneamente a rede poderão
vacinar os filhos.
A campanha de vacinação
infantil foi iniciada na terça (18) e 46 crianças já haviam sido vacinadas
no município. Segundo a prefeitura, elas serão monitoradas por técnicos da
saúde, que vão atestar se houve ou não alguma nova reação indesejada.
Com cerca de 70 mil
habitantes, a cidade possui 6.430 crianças de 5 a 11 anos.
O prefeito explicou que a
decisão de suspender a campanha de vacinação para crianças foi tomada em
reunião extraordinária do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 do município,
realizada na tarde desta quarta.
“O Comitê deixa claro que não
existe dúvida sobre a importância da vacinação infantil. Mas, diante do
ocorrido, será dado esse prazo para o acompanhamento e monitoramento diário das
46 crianças lençoenses vacinadas até o momento”, disse o prefeito em nota.
Ele afirmou que o prazo é
necessário para aprofundamento sobre o caso de envio de relatórios aos órgãos
de controle federais e estaduais: “A Secretaria de Saúde está solicitando
autorização para acesso ao prontuário médico, uma vez que o atendimento ocorreu
na rede privada”, acrescenta.
Antes da reunião do comitê, a
prefeitura já havia publicado uma nota nas redes sociais oficiais relatando
o caso.
Na nota, a prefeitura afirma
que não teve acesso ao prontuário médico e, portanto, não tinha certeza se o
quadro clínico da criança seria um efeito da aplicação da vacina.
A decisão do prefeito provocou
reações nas redes sociais. Mas também ganhou o apoio de parcela da população,
que informou que não mais vacinaria os seus filhos.
O prefeito defendeu a
divulgação do caso nas redes da prefeitura: “Não há nada de alarmismo nessa
medida. A decisão de tornar o caso público foi totalmente acertada e uma forma
de mostrar transparência das medidas adotadas pela Administração”, disse o
prefeito.
O prefeito Anderson Prado
publicou nesta terça-feira (19) em suas redes sociais um vídeo em que é
cumprimentado pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) por ter conseguido
junto ao Ministério da Saúde um lote de 10 mil testes para Covid-19 para a
cidade.
Nesta semana, Zambelli enviou
ofício ao ministério e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em
que pede a suspensão da vacinação infantil “até a reavaliação de segurança”.
O prefeito afirmou não ter
nenhuma relação com Zambelli. Disse que sempre foi à favor da vacina e que
também é favorável à vacinação infantil. Mas defendeu ser prudente suspender a
vacinação e avaliar os efeitos nas crianças já imunizadas.
A Secretaria de Estado da
Saúde disse que todas as vacinas aprovadas pela Anvisa são seguras e eficazes,
impactando diretamente na redução de casos graves e internações por Covid-19.
A pasta estadual informou
ainda que o Centro de Vigilância Epidemiológica está acompanhando e analisará o
caso de Lençóis Paulista. Ainda informou que todos os casos de eventos adversos
são examinados por uma comissão de especialistas antes de qualquer confirmação.
“É, portanto, precipitado e
irresponsável afirmar que o caso do município está associado a vacinação. Na
maioria das vezes, os casos de eventos adversos pós-vacinação são coincidentes,
sem qualquer relação causal com o imunizante”, afirma a secretaria. (Informações são da Folha Press)