Pessoas infectadas
naturalmente pelo Sars-CoV-2 e vacinadas contra o vírus apresentam imunidade
reforçada e mais duradoura contra a covid-19. As conclusões estão em um estudo
da Universidade do Oregon, nos EUA, publicado nesta quinta-feira na versão online
da revista Science Immunology.
De acordo com a pesquisa, a
quantidade de anticorpos no sangue de pessoas que foram infectadas e vacinadas
é até dez vezes maior na comparação com as só vacinadas.
Em seguida, os cientistas
coletaram sangue dos participantes. As amostras foram expostas em laboratório a
três variantes do Sars-CoV-2. As cepas escolhidas foram a Alfa (B.1.1.7), Beta
(B 1.351) e Delta (B.1.617.2). A Ômicron não foi testada.
“A imunidade gerada apenas
pela infecção natural é muito variável. Algumas pessoas produzem uma resposta
mais forte, outras não“, explicou um dos coautores do estudo – Marcel Curlin,
professor de doenças infecciosas na Escola de Medicina da Universidade do
Oregon.
“Mas a vacinação combinada à
imunidade pela infecção quase sempre oferece resposta robusta.”
Os resultados mostraram que os
dois grupos com “imunidade híbrida” (vacinados e infectados), independentemente
da ordem, geraram os maiores níveis de anticorpos em comparação ao grupo que
apenas recebeu a vacina.
O estudo foi feito antes do
surgimento da variante Ômicron. Ela vem se disseminando em uma velocidade
inédita. Mas os pesquisadores acreditam que as respostas imunológicas híbridas
devem ser igualmente robustas com a nova variante que é altamente contagiosa.
“A possibilidade de nos
infectarmos agora é alta porque há muito vírus ao nosso redor neste momento”, afirmou
outro coautor do estudo – Fikadu Tafesse, professor assistente de microbiologia
molecular e imunologia.
“O melhor que podemos fazer
agora é tomar a vacina o quanto antes. Então, se o vírus vier, teremos um caso
leve da doença e ficaremos com uma superimunidade.”
Como boa parte da população
mundial já está vacinada e a nova variante é extremamente contagiosa muitos
pesquisadores acreditam que a pandemia pode estar próxima do fim.
“A essa altura, muitas pessoas
já vacinadas devem pegar a doença e alcançar a imunidade híbrida”, disse o
coautor Bill Messer, também professor de Medicina. “Com o passar do tempo, o
vírus terá de enfrentar uma humanidade com uma imunidade cada vez mais
robusta.”
Endemia
Neste ponto, acreditam aos
autores, a doença tende a se tornar endêmica. Cientistas ressaltam que, embora
as conclusões reforcem as de estudos anteriores, a amostra usada foi pequena, o
contágio ocorreu em laboratório, e a Ômicron não foi testada. Por isso, dizem,
a vacinação continua imprescindível.