Um médico ginecologista que atua em Paranaguá, no Litoral do Paraná, está sendo acusado de abuso sexual por pelo menos cinco pacientes. Os crimes sexuais teriam acontecido durante as consultas em uma clínica particular no Centro da cidade. Há relatos de abuso desde 1996 até este ano e quatro boletins de ocorrência na Polícia Civil com denúncias por este tipo de crime.
Conforme as denúncias das mulheres, o médico estimulava e massageava a vagina das pacientes sem luva e as encarava enquanto tiravam as roupas para a consulta. Uma jovem, que estava grávida quando procurou o ginecologista para fazer um exame de ultrassom do bebê, contou para a equipe da RICtv que o homem chegou até mesmo a acariciar suas pernas e pedir para que ela ficasse de quatro.
Outra paciente contou que percebeu o comportamento fora do comum do médico na consulta e, ao olhar para as mãos do profissional, notou que ele estava sem luvas. “Eu comecei a tremer e não sabia o que fazer naquele momento, ele me olhava muito estranho. E eu sabia que eu estava sozinha na clínica e a clínica estava com o portão trancado no cadeado. Então não tinha para onde eu correr”, revelou ela.
A paciente mais antiga que afirmou ter sido vítima de abuso é uma mulher que hoje está com 60 anos. O caso teria acontecido em 1996 e, abalada, ela não contou à ninguém sobre a situação, até que viu o relato de outra vítima na imprensa local, o portal JB Litoral, e resolveu se manifestar.
A mulher afirmou que, ao perceber o toque inapropriado, confrontou o médico. “Eu bati nele, ele saiu correndo, me chamando de louca, dizendo que ele não tinha feito nada e trancou-se no banheiro”, descreveu.
Segundo a polícia, após a notícia do primeiro caso, outras vítimas foram até a delegacia e relataram fatos semelhantes cometidos pelo suspeito. Até o momento, cinco boletins de ocorrência foram registrados.
Defesa
O advogado do médico, Luis Gustavo Janiszewski, contou que conversou com o delegado de Paranaguá na última sexta-feira (13). A defesa confirmou a existência dos quatro boletins de ocorrência, mas fez ressalvas sobre os relatos e tratou as situações como “mal entendidos”. Segundo Janiszewski, o médico, de 65 anos, atua como profissional de saúde desde 1981, já fez 30 mil partos e atendeu cerca de 50 mil pacientes.
Veja a nota da defesa na íntegra:
A defesa técnica do MÉDICO vem através da presente nota esclarecer alguns pontos:
(I) O Dr. AMAURI BILIERI é médico ginecologista obstetra com robusto conhecimento científico e exerce a medicina desde 1981;
(II) Sempre exerceu seu mister com dedicação, ética e respeito por suas pacientes;
(III) As acusações que pesam contra o MÉDICO não são verdadeiras e os motivos pelos quais as supostas vítimas o ataca ficarão devidamente comprovados em momento oportuno;
(V) No mais, a apuração dos fatos pela autoridade competente dará conta de comprovar sua inocência.
CRM e Prefeitura de Paranaguá
A RICtv procurou o Conselho Regional de Medicina do Paraná, que informou que “abriu procedimento de ofício para apurar as denúncias contra o referido médico, conforme rege o Código de Processo Ético-Profissional”. O órgão disse ainda que não pode se manifestar “sobre sindicâncias ou processos sob análise, respeitando-se o princípio do contraditório e ampla defesa”.
Veja na íntegra:
“O Conselho Regional de Medicina do Paraná informa que, com base em notícias recentemente veiculadas na imprensa, abriu procedimento de ofício para apurar as denúncias contra o referido médico, conforme rege o Código de Processo Ético-Profissional. Cabe ressaltar que, por força da legislação vigente, o CRM-PR fica impedido de se manifestar sobre sindicâncias ou processos sob análise, respeitando-se o princípio do contraditório e ampla defesa.”
A Prefeitura de Paranaguá informou que o profissional trabalha pelo município no Serviço de Certificação de Óbito (SCO) e que o andamento de possíveis processos é sigiloso.
Confira:
“A Secretaria Municipal de Saúde conta com a Ouvidoria para recebimento de denúncias. O cidadão pode contar com o canal via telefone – 3420-2806, e-mail [email protected] ou ainda pessoalmente na sede administrativa, Rua João Eugênio, 959, Centro. O cidadão acompanha todo o processo que é sigiloso. É importante ressaltar que o médico em questão trabalha pelo Município no Serviço de Certificação de Óbito (SCO).”
Informações: RIC Mais