“Eu atendo muita gente, eu não lembrava dela. Ela veio registrar esse segundo boletim de ocorrências e disse: ‘é a segunda vez que eu caio’. Eu falei: ‘como assim?’ Essa senhorinha chamou bastante atenção. Eu acho que ela teve um prejuízo grande no primeiro golpe, e pensou: ‘desta vez vou me dar bem , vou compensar o outro prejuízo’. […] No golpe do bilhete, a vítima está sempre está tentando ter uma vantagem, querendo ser mais esperta que o golpista”, afirmou o delegado de Estelionato, Fernando Garbelini.
No segundo, aplicado em maio, a idosa, de 70 anos, conta que caminhava pela avenida São Paulo, em Maringá, quando foi abordada por uma moça que dizia estar perdida e com um bilhete premiado de R$ 2 milhões. De repente, se aproximou uma outra mulher, que ficou “sabendo da história” e disse que era perigoso ficar na rua com um prêmio tão valioso. As duas então chegam a ligar para um suposto número da Caixa, colocam o celular no viva voz. Do outro lado da linha, uma pessoa, que também faz parte da farsa, confirma o prêmio milionário.
A dona do bilhete, então, informou que não poderia receber o prêmio. É a deixa para a comparsa propor comprar o bilhete em parceria com a idosa. A vítima aceita a oferta, vai em casa, pega vários cartões e faz saques e empréstimos em dois bancos. No fim das contas, ela repassou R$ 15 mil para as golpistas, que inventam que precisam ir em um local antes de resgatar o prêmio, pedem para ela esperar, e simplesmente desaparecem.
8 meses antes, a idosa caiu na mesma conversa fiada
O modo de agir dos criminosos no primeiro golpe é semelhante. De acordo com a própria vítima, ela estava caminhando pela região central de Maringá, quando foi abordada por duas pessoas que também alegaram ter um bilhete premiado no valor de R$ 2 milhões. Eles levaram a idosa para dentro de um carro, percorreram várias ruas e avenidas, e a convenceram a comprar o bilhete.
A idosa aceitou, foi até a casa dela, pegou vários cartões e faz vários saques, que totalizaram R$ 104 mil, segundo a polícia. Dentro das agências, ela transferiu o dinheiro para a conta dos golpistas.
“O golpe do bilhete funciona como um teatro, é sempre uma pessoa simples, que veio de outra cidade, pedindo informação de endereço, e aborda a vítima. No meio da conversa, ela tira o bilhete do bolso e fala que é premiado. Normalmente, chega uma pessoa bem vestida, e atravessa a conversa, se oferecendo para ajudar. A dona do bilhete diz que não tem como receber, que não tem documento e por aí vai”, comentou o delegado.
O delegado afirmou, ainda, que já teve casos de vítimas que já perderam R$ 1 milhão no golpe do bilhete premiado em Maringá. Por isso, ele faz uma alerta para quem tem idosos em casa. ‘Quem tem pai e mãe idosos tem que conversar, falar que continua tendo esse tipo de golpe, orientar para não dar atenção para essas conversas fiadas na rua”.
Informações: GMC Online